O menino perdido.
Um menino perdido, chorava pela mãe no saguão do aeroporto.
Um grupo de psicólogas e terapeutas o encontrou.
A psicanalítica disse: Venha
comigo, vamos lá fora para eu poder fumar enquanto você me fala sobre as
primeiras lembranças que tem de sua mãe.
A da linha Gestalt-terapia: Agora nesse momento a figura é a mãe, mas logo o fundo será mais relevante.
Concentre-se em outra coisa aqui-e-agora que seu problema não terá mais tanta
importância.
A psicoterapeuta analítica, de Jung: Menino, no nosso inconsciente coletivo a figura da mãe é muito
importante, mas podemos ressignificá-la concentrando-nos nas outras pessoas de
sua família.
A terapeuta cognitivo comportamental disse: Você tem todo o direito de chorar, seu
sentimento é válido, mas pode estar havendo uma distorção cognitiva. Vou lhe
dar um questionário para você preencher sobre seus sentimentos mais
significativos atualmente.
A psicodramatista: Querido,
faça de conta que sou sua mãe. O que você diria para mim agora?
A da psicoterapia breve: Vamos
focar no problema atual. Você está perdido e não sabe onde sua mãe está. Fale
mais sobre isso.
A hipnoterapeuta: Vou
te hipnotizar para que você se lembre das últimas palavras que sua mãe disse antes de você se perder.
A da PNL – programação neuro-linguística: Menino, fale várias vezes para você mesmo:
“Não estou perdido. Não estou perdido.”
A da terapia psicodinâmica: Vamos direto ao assunto: sua mãe lhe faz muita falta?
A do aconselhamento terapêutico: Sabe rapazinho, você não deveria ter soltado a mão de sua mãe. Fica
como aprendizado para a vida.
A da psicoterapia corporal: Seus conteúdos inconscientes precisam achar uma forma de se manifestar,
vamos liberar um pouco a tensão que você está sentindo nos seus ombros para que
seus segredos silenciosos sejam libertos.
A Lacaniana: Fale
livremente tudo o que estiver associado à palavra “mãe”. Não reprima nenhuma
palavra, é muito importante que a associação seja livre.
A Psicopedagoga: Menininho,
vamos fazer uma liçãozinha agora: desenhe pra mim a sua família inteira, a mãe
junto.
A Reichiniana: Vamos
trabalhar suas couraças para liberar sua energia orgônica. Isso vai fazer com
que você manifeste com mais liberdade seu choro pela mãe.
Enquanto falavam, uma faxineira disse ao menino: “Vem cá menino. Vamos chamar sua mãe no
sistema de som.” E foram embora.
Como disse Freud: “Às vezes um charuto é apenas um charuto”.
Prof. Pan Cada.