CRITIQUE DO JEITO CERTO
Muitas crianças choram
escondidas, têm medo de fazer amigos, evitam situações novas e preferem o
isolamento. São crianças cuja autoestima está baixa, não confiam nelas próprias
e não têm grandes expectativas em relação ao futuro. Possivelmente já receberam
muitas críticas ácidas, comentários depreciativos e broncas em público. Foram
diariamente desqualificadas. Falta-lhes até mesmo alegria para viver.
Para compreender melhor como evitar
que isso aconteça, precisamos conhecer como a autoestima saudável é construída.
A autoestima saudável é fruto de
elogios adequados baseados em fatos reais e motivados pelo afeto. Entretanto, é
fácil cair no extremo oposto: crianças que só recebem elogios e jamais são
criticadas não suportam a dor da perda, não têm maturidade para corrigir os
próprios erros e se tornam chantagistas emocionais: vivem fazendo birra para
ganhar mais atenção, carinho e novos elogios. Quando adultas, a convivência com
elas torna-se insuportável.
Se só elogiar não dá certo então
como criticar da forma correta?
A resposta é simples e direta: criticando assertivamente.
A resposta é simples e direta: criticando assertivamente.
Uma crítica assertiva ataca o
problema, jamais a criança. Aponta para o erro, não para a pessoa. É objetiva,
nunca subjetiva. Vamos aos exemplos:
Nunca diga: “Você é um relaxado,
olhe só que sujeira esse quarto”. Diga: “Que nojo esse quarto, que bagunça,
olhe só quanta sujeira. Pode começar a arrumá-lo”.
Jeito errado: “Filho, você é um
irresponsável, novamente não deu comida para o cachorro”. Jeito certo: “Filho,
você não deu comida para o cachorro de novo!”
Evite: “Seu vagabundo, vai logo
fazer a lição de casa e as tarefas que te mandei.” Prefira: “Faça já a lição de
casa e as tarefas que te mandei.”
Nos três casos, o ataque à
criança por meio de xingamentos (relaxado, irresponsável, vagabundo) foi
eliminado e a crítica foi dirigida diretamente ao problema. Esse é o segredo.
Agindo dessa forma, a criança pode consertar o erro e até receber elogios por
ter feito o que fora solicitado. Se, por outro lado, ela tivesse sido humilhada,
mesmo que fizesse suas tarefas ou consertasse seus erros, sua condição de
humilhação não mudaria, ela não conseguiria deixar de ser relaxada,
irresponsável ou portadora de qualquer outro adjetivo que a desqualifique, já
que isso não depende de suas atitudes, mas da opinião da outra pessoa.
Além da assertividade, há outra
orientação que você deve levar em conta: críticas devem ser feitas em
particular, jamais em público. Nada de falar dos erros de seu filho na frente
das visitas, da avó ou dos colegas dele. A publicação de críticas promove uma falsa
sensação de poder, já que tantas pessoas estão se envolvendo na situação. Isso
incentiva a repetição do problema. Uma crítica assertiva e em particular abre
espaço para o pedido de desculpas e para a afirmação mútua de afeto.
Critique do jeito certo e as
crianças terão muito mais chances de crescer com maturidade emocional e alegria
de viver.
Marcos Meier é escritor, psicólogo e mestre em educação. Contatos
pelo site www.marcosmeier.com.br Seus livros
estão à venda na loja: www.kapok.com.br
Um comentário:
Parabéns pelo texto, maravilhoso! Vem, com muita propriedade, complementar o "Elogie do jeito certo", que tanto contribuiu a nós, educadores e aos pais, na tarefa de educar com qualidade. Obrigada professor!
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