terça-feira, 10 de agosto de 2010

Agressão nas escolas – o bullying.


Se você tem filhos em idade escolar certamente tem ouvido muito a palavra “BULLYING”. Mas afinal, você sabe exatamente do que se trata? E como agir diante dele? Preparamos um pequeno guia, com perguntas e respostas práticas sobre esse assunto, tão em voga na atualidade. Boa leitura!


O que é bullying?
A definição mais aceita é que o bullying é um comportamento intencional e sistemático e objetiva causar dor física ou emocional. Geralmente é realizado por uma ou mais pessoas contra outra mais fraca ou com menos poder.
Não é bullying quando uma criança briga com a outra ou quando há troca de xingamentos. Isso é problema de agressividade mal dirigida, mas se não for sistemático, intencional, com desequilíbrio de poder ou força, não é bullying.


Como os pais podem identificar?
A criança demonstra alguns sintomas em casa: dores de cabeça antes de ir pra aula, sono agitado, irritabilidade constante e reclamações sem sentido como “odeio aquela professora”, “não gosto daquela escola”, “tô sujo porque caí”, “perdi o dinheiro do lanche” e outras fora do comum. Além disso, a criança fica mais retraída e prefere isolar-se.


Como denunciar?
Antes de denunciar, vale a pena incentivar a própria criança tomar a iniciativa, para que a vitória seja dela também. Falar com a coordenação pedagógica e solicitar uma solução e um prazo. Em escolas menores, a direção deve ser comunicada imediatamente. A criança fala com a coordenadora ou a diretora e explica o que está acontecendo. Imediatamente os pais devem ir à escola e confirmar a história, devem reforçar o pedido de solução. A solução nunca pode ser pontual, pois o bullying é global, problema de todos e não de apenas algumas crianças. Não se deve deixar a criança resolver tudo sozinha. Esse caso é serio e precisa da interferência dos pais. A iniciativa da criança deve ser valorizada, para que ela não tenha uma imagem de si mesma como de “vítima” ou de “coitadinha”.


Qual o papel da escola nestas situações?
A escola madura toma decisões coletivas. Toda a comunidade escolar deve ter consciência do que é o bullying, o que causa, como tratar, como identificar e principalmente como criar um clima de solidariedade em que o bullying seja extinto. Uma escola só vence o bullying quando os pais, professores, funcionários e alunos aprendem sobre causas e consequências do bullying.


A escola é responsável por comunicar os pais dos envolvidos?
Por lei, tudo o que acontece na escola é da responsabilidade dela. Ou seja, a escola pode ser acionada judicialmente em caso de bullying, pois acontece sob suas dependências. Portanto deve sim comunicar as famílias da vitima e dos agressores. Não apenas comunicar, mas explicar quais as providências que estão sendo tomadas e porquê.


E dos professores?
Os professores precisam receber treinamento para identificar o bullying, para saber como abordar a vítima, como abordar os agressores, como criar um ambiente de inclusão e principalmente como criar vínculos significativos com as crianças para que esse tipo de situação não ocorra. Professores mal preparados podem piorar a situação e acabar traumatizando os envolvidos.


Como tratar uma criança que sofre ou sofreu com o bullying?
Se ela está sofrendo, precisa imediatamente sair da situação de vitima. A autoestima está baixa, seu valor está diminuído perante o grupo e provavelmente seus amigos a abandonaram. Portanto precisamos, nós adultos, ajudar essa criança a socializar-se de forma saudável. Isso deve ocorrer tanto para aquela que está sofrendo com as agressões quanto com a que já sofreu. Nosso principal foco deve ser ajudá-la a melhorar sua autoestima e seu círculo de amizades.


O agressor também precisa ser tratado? Como?
Normalmente as escolas ajudam apenas a vítima e punem os agressores. Erro comum. Os agressores também precisam de ajuda, pois estão com seus valores perturbados. Não percebem o sofrimento do outro ou quando percebem não se sensibilizam com a dor do outro. Esses agressores precisam reconstruir seus valores, seus princípios e adquirir uma visão da vida, do mundo e das pessoas baseada no respeito pelas diferenças e não no preconceito.


Como falar deste problema com as crianças?
De forma mais aberta possível e explicando por meio de exemplos práticos e reais o que é o bullying. Entretanto precisa-se tomar cuidado para não expor uma criança com exemplos ou com relatos.


O uso frequente da internet aumenta esta prática?
Não aumenta, apenas abre espaço para um novo tipo de agressão: o cyberbullying. Xingar, difamar, caluniar, humilhar pessoas em páginas da internet, por emails, em blogs ou quaisquer outros meios eletrônicos é tão prejudicial quanto o bullying tradicional, presencial.


É possível controlar o uso de ferramentas da internet para diminuir o bullying?
O controle deve ser de todos, pessoal. Não por meio de softwares, pois o agressor que encontra limitações nos computadores da escola ou da própria casa, vai encontrar outra oportunidade na casa de um colega. Assim, se o trabalho de conscientização for feito pela escola, atingirá melhor os objetivos. Um detalhe: se a vítima for a um cartório e solicitar que seja documentada a agressão por meio de pagina de internet, o funcionário abre a página no computador do cartório, imprime e carimba com a data e assina a folha. Esse papel passa a ser documento perante a Justiça. Essa informação deve ser passada a todos os alunos e a todos os pais. O objetivo é dificultar esse tipo de agressão.


Como estabelecer os limites nas crianças/adolescentes para evitar este problema?
Deve-se sempre agir com os alunos construindo vínculos significativos e abrindo possibilidades para o diálogo. Quando há essa cumplicidade entre os alunos e os professores, dificilmente uma situação de bullying segue adiante. Se a escola se mantém distante dos alunos afirmando que seu trabalho é apenas curricular, abre espaço para as agressões e passa a ser cúmplice dos bullies (agressores).


E se a escola se recusa a agir mesmo sabendo da existência de bullying em suas dependências?
Infelizmente há escolas despreparadas e imaturas. Uma escola que permite o bullying afirmando que isso é “da idade”, “normal nessa fase”, “isso sempre existiu, não é de agora” demonstra que não se preocupa com a formação integral de seus alunos, mas provavelmente afirma o contrário em seu Projeto Político Pedagógico. Declara que seu objetivo é o desenvolvimento dos aspectos cognitivos, sociais, psicológicos, etc... mas na prática é cúmplice da deformação e da falta de ética. O ideal é entrar em contato com outros pais e solicitar uma reunião com a direção, e representantes da associação de pais e mestres.

MARCOS MEIER é mestre em Educação, psicólogo, escritor e palestrante. Seus textos encontram-se no site www.marcosmeier.com.br e seus livros no www.kapok.com.br.



Você pode encontrar mais a esse respeito, na obra "Bullying sem blá-blá-blá" Versão adultos e versão Teen, para crianças e adolescentes. Compre o seu no site da kapok: www.kapok.com.br


MEIER, Marcos; ROLIM, Jeanine. BULLYING SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ. Curitiba, Intersaberes, 2013.

5 comentários:

Anônimo disse...

Excelente guia, Marcos.
Obrigada!

Anônimo disse...

meu filho vem sofrendo com isso como posso ajudalo?

Marcos Meier disse...

Olá. Para ajudar uma criança que sofre bullying, é urgente que se fale com a escola... e a escola deve saber pelo menos o mínimo... Abraços

Anônimo disse...

meu filho tem vindo sistematicamente,a ser agredido fisica e psicologico .ja apresentei queixa mas de nada serviu;a escola nao assume aviolencia .vou continuar a lutar .alguem quer ajudar a parar com o bullyng .ROSA

Anônimo disse...

meu filho tem 13 anos e é sitematicamemte agredido fisica e psicologicamente ,por varios colegas;a ultima vez 5 colegas chicotearam-no com uma corda na cabeça.ja apresentei queixa ,mas acho que nao fazem nada ,nimguem se importa com os nossos filhos e triste mas e assm mesmo (rosa nao pares com a luta estarei ao teu lado,nao te conheço mas gotava de te conhecer.